Entre os anos 1980 e 2000, era muito comum nos depararmos com os telefones públicos instalados nas grandes metrópoles de nosso país. Conhecido em muitos lugares como “Orelhão”, este já ajudou muitas pessoas que necessitavam realizar uma ligação enquanto estavam fora de casa. Necessitava apenas de uma ficha telefônica, comprada a um valor popular, que possibilitava ligações urbanas e interurbanas, a um período determinado de ligação.
Na época, os celulares ainda estavam entrando em circulação. Todavia, seu valor comercial ainda era muito elevado à maioria das pessoas, e estas ainda tinham a preferência de continuar utilizando o famoso “Orelhão”. Até o final dos anos 2000, e início dos anos 2010, era ainda comum notar algumas pessoas utilizando o telefone público, mas depois desse período o aparelho ficou sendo inutilizado e em muitos lugares a prefeitura local optou por retirar o aparelho.
Mas você já se perguntou mais profundamente sobre o uso do Orelhão? Você sabia que todo telefone público poderia além de realizar chamadas, também receber chamadas?
Claro que não era essa a intenção dos criadores da tecnologia, e que muitas pessoas não tinham conhecimento dessa informação, mas sim, era possível um telefone público receber chamadas. E a pergunta que não quer calar é a seguinte: se você ouvisse um telefone público tocando, iria atender a ligação ou não ?
Isso já aconteceu em um experimento social feito em 2006, em ruas da cidade do Rio de Janeiro. Alguns amigos queriam realizar esse teste, e descobriram qual era o número do Orelhão, ligando a cobrar para um celular onde era possível verificar o número de origem. Assim, eles resolveram iniciar o experimento social, telefonando à distância para o aparelho e esperando alguém atender.
Não demorou muito para alguma pessoa aleatória atender a ligação. Passados 4 toques, um rapaz atendeu a ligação. O diálogo foi o seguinte:
“-Alô ?
-Alô, boa tarde. Com quem eu falo ?
-Boa tarde, quem fala é o Robson.
-Olá Robson, tudo bem com você ? Eu gostaria de falar com o Marcelo.
-Marcelo? Mas não tem nenhum Marcelo aqui.
-Como não tem? Esse não é um telefone público?
-É sim.
-Então, o Marcelo disse que estaria aí na praça esse horário, e era pra eu telefonar pra ele.
-Ah sim.
-Faz um favor pra mim Robson? Tenta achar o Marcelo aí pra mim por favor? É importante o que preciso conversar com ele.
-Tá legal meu amigo. Só 1 minuto. “
E esse foi uma das vítimas do experimento social. Racionalmente, as pessoas atendiam o telefone por curiosidade, pois era óbvio que aquelas ligações não eram direcionadas a elas. Contudo, muitas pessoas se irritavam e proferiam palavras de baixo calão, demonstrando total falta de educação. Isso aconteceu algumas vezes, mas na maioria dos casos, as pessoas foram educadas e acharam interessante o teste social, se surpreendendo com a curiosidade do ser humano.
Ainda existem Orelhões espalhados por algumas cidades, embora nunca sejam usados. Ainda seria possível repetir esse teste social, até porque mesmo nos dias atuais, a curiosidade humana prevalece viva e forte.